Quando falamos de quem tem responsabilidade de cuidar de um idoso logo vem à mente os filhos, a família. Mas nem sempre é assim.
Na Constituição Federal, no seu artigo 229, há previsão de que a família é a célula da sociedade, trazendo em seu bojo o princípio da solidariedade nas relações familiares. Nesse contexto, cabe aos pais o dever de amparar os filhos menores, enquanto os filhos maiores são incumbidos de prestar auxílio aos pais na velhice, carência ou enfermidade.
Amparar uma pessoa idosa, como diz no artigo tem um sentido bem amplo, pois amparar pode significar – dar alimentos, morar junto, acompanhar nas atividades, pagar uma casa de repouso? São inúmeras as interpretações que podem ser feitas e no final, vai depender muito da criação, condições da família e também da consideração dos entes queridos e disponibilidade para cuidar do idoso que agora, depende de outras pessoas.
Obrigações
A obrigação de fornecer alimentos é recíproca entre pais e filhos, de acordo com o Estatuto do Idoso, e também extensivo aos ascendentes, passando a obrigação para os mais próximos, de acordo com o grau de parentesco.
Inicialmente, a obrigação de cuidar do idoso é dos filhos. Havendo mais de um filho, a obrigação é proporcional. Se não houver filhos, ou estes não tiverem condições / disponibilidade para cuidar do idoso, chama-se os netos. Se os netos estiverem indisponíveis, chama-se os irmãos do idoso.
O Estatuto do Idoso também traz a necessidade do cuidado moral, afetivo. A pessoa pode ajudar financeiramente, mas não ter contato com o idoso, o que também caracteriza abandono afetivo. Em muitos casos há necessidade de um cuidador e se não houver possibilidades de pagar um, a companhia, acompanhamento, cuidado com remédios, deve ser feita por um familiar.
Dicas
Se outros familiares não tiverem tempo para ajudar no cuidado com o idoso, podem ajudar financeiramente.
É possível tornar a vida de quem cuida e também a do idoso mais leve. Fazer atividades como uma caminhada, assistir um filme, rever fotos antigas, ouvir musica, fazer pinturas e outras atividades funcionais podem fazer o tempo passar mais rápido e também com mais qualidade.
Não é bom confiar no bom senso de familiares para descobrirem que você precisa de ajuda, peça.
Aceite opiniões e sugestões dos familiares, que podem estar tentando se aproximar para ajudar como podem.
Faça uma lista das atividades como cuidador e comece pelas mais difíceis, cuide-se para cuidar bem, não ultrapassando os limites próprios de estresse e fadiga.
Além da disponibilidade e do tempo, é essencial uma boa relação com o idoso. Cuidar é uma doação de tempo e afeto, não há como fazer disso uma obrigação se não houver amor e cuidados envolvidos.
Normalmente o cuidador da família não teve outra opção, e com isso o cuidar vira uma obrigação intensa e pode trazer conflitos na própria família. Comunicação é essencial nesses casos, fazer uma reunião de família, expor a situação, até tentar um rodizio ou uma “vaquinha” para ajudar na parte financeira é o ideal para garantir a convivência e o bem estar da pessoa idosa.